As Duas Formas Do STF Julgar

Julgando Um Político Que Roubou Uma Galinha:

  - Veja, Vossa excelência, que o réu agiu sob muita pressão. A pressão do alto cargo que o réu ocupa o levou ao stress absoluto, fazendo com que o mesmo não pudesse mais discernir entre o certo e o errado.
     Ele não cometeu este devaneio nem por prazer e muito menos por necessidade. Ele apenas estava passando por um momento de stress que o deixou momentaneamente inapto e totalmente incapaz de controlar seus atos.
  - Veja, Vossa excelência, que mesmo sendo pego no ato, sempre existe a possibilidade de tudo ter sido uma armação para denegrir a imagem do réu. Tudo pode ter sido preparado como uma armadilha de algum inimigo que o réu tenha feito no passado. E, não é pelo fato de o réu ter sido apanhado no ato com a galinha em suas próprias mãos que isto possa ser enquadrado como crime. Afinal, a galinha é algo que habita nosso planeta e está ali para ser apanhada a qualquer momento e por qualquer cidadão.
  - Excelência, não vejo motivo algum para que, mesmo que o réu estivesse acompanhado de outros quatro amigos, isto possa ser considerado um crime de formação de quadrilha. Eram apenas amigos em um momento de descontração. Andar na rua, cinco amigos rindo a toa, não pode ser considerado um crime, e muito menos uma quadrilha.
  - E veja, Vossa excelência; a galinha nem morreu e nem prestou queixa. De formas que acho um absurdo que o réu possa ter sido algemado e encaminhado a cárcere.
  - Excelência, meu voto é para que o réu seja solto o mais rápido possível e que ainda seja indenizado pelo estado por ter tido sua imagem maculada.
  - Tenho dito.

Julgando Um Cidadão Que Roubou Uma Galinha:
 
  - Veja, Vossa excelência, que o réu definitivamente não presta. E ainda teve o descaramento de convidar mais quatro amigos para praticar o ato deixa evidente o caráter de formação de quadrilha.
  - Excelência, meu voto é para que o réu seja trancafiado por um período não menor que dez vezes a média de vida de uma galinha, mesmo que esta nada tenha sofrido durante o ato e ainda esteja gozando do convívio de seus outros familiares.
  - Tenho dito.