sexta-feira, 27 de julho de 2012

E Agora Sra. Presidenta, ou seria Presidanta ??


Bom dia, dona Dilma!
   Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do  Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de  impostos escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa
de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.
Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista?
Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.
Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0  a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para "engordar" sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco **em cinco anos. Este** é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.

 É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha,  jogar para a plateia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha  (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.
 Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou  bastante madura, bastante politizada, marxista, sobrevivente da ditadura  militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num  petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e  burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e  delirante. Vocês são adeptos do quanto pior, melhor". São discricionários, praticantes do "bullying" mais indecente da História do Brasil.
Em1988 a Assembleia Nacional Constituinte, numa queda de braço  espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a lei.
Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição, enfiando  goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de  vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como  eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida de que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de  Educação. Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou? O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual presidentA  endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!
Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa.
Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não  sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa.
Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos meninos e jovens lêem (quando lêem), mas não compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com
conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora  regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou informando.
Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se  anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil torça o nariz.
Ele tem o mapa da mina.
 A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em  tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente. Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola  adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa.
De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aero-Lula dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles permanecem.  Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente.
Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos  e recolhe mais imposto para as burras dos governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem  nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela.
Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992,  alei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar  esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando.
 Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso  do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu veto a este  Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para  beneficiar seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é "os outros". A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel,
qualquer.  Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim  mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a  maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileiras vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará,
na ociosidade que os levará à delinquência e às drogas.
 Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu  mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública,  o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social, desprecisada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, esta foi a escolha de vocês.
 A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital. Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.
Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE. Não sou  impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta informação.
Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa  Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável. 
 Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.
Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.
A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho.
Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
 Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.
Último lembrete: a pobreza é uma consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.
 Atenciosamente,

Martha de Freitas Azevedo Pannunzio CPF nº 394172806-78
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012

 *CONSTITUIÇÃO FEDERAL
TÍTULO II  Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I  DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. - RUI BARBOSA.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

De que são feitos nossos corpos? E o mundo em que vivemos?


De que são feitos nossos corpos? E o mundo em que vivemos? De átomos, todos sabem. Mas nem todos sabem que o conceito de átomo com que trabalham os cientistas de hoje tem muito pouco a ver com os duros e indivisíveis grãos de matéria imaginados pelos filósofos da velha Grécia. A nova visão do átomo é basicamente fruto de uma teoria - a Mecânica Quântica - que, a partir dos anos 20, bombardeou algumas das idéias mais consolidadas da Física.
Nesse estranho mundo, o senso comum não é uma bússola confiável. Alguns componentes do átomo, por exemplo, ora se comportam como partículas, feito bolinha de gude, ora como ondas, iguais às que se produzem na superfície da água. O caminho percorrido pela nova teoria é tão fascinante quanto suas próprias afirmações.
Por que os números e os ponteiros de certos relógios brilham no escuro? A pergunta parece banal. A resposta, entretanto, pode ser o ponto de partida para uma viagem à natureza íntima da matéria que constitui o Universo. O relógio brilha por causa de um fenômeno conhecido desde o começo do século - a radiatividade. Os átomos pesados e instáveis de elementos químicos como o rádio e o urânio emitem partículas carregadas de alta energia. Essas partículas foram batizadas com o nome de radiação alfa.
O descobridor das partículas alfa, o físico neozelandês radicado na Inglaterra Ernest Rutherford (1871-1937), teve certo dia a idéia de utilizar essas ínfimas partículas, menores que um átomo, para estudar os segredos do próprio átomo.
Isso lhe permitiu, de saída, uma descoberta sensacional: a de que, ao contrário do que se pensava, os minúsculos átomos são constituídos de imensos espaços vazios; a maior parte da massa atômica se concentra num núcleo central, de carga elétrica positiva; ao redor desse núcleo e a determinada distância dele ficam os elétrons, de carga negativa. Essa descoberta permitiu a Rutheford comparar os átomos ao sistema solar: o núcleo seria o Sol e os elétrons, movendo-se em órbitas precisas ao seu redor, seriam os planetas.
Esse modelo esbarrava, porém, numa séria dificuldade: é que, de acordo com a teoria clássica, ao se moverem ao redor do núcleo, os elétrons deveriam perder continuamente parte de sua energia, transformada em radiação eletromagnética. O resultado disso seria nada menos que uma tragédia: literalmente, o fim do mundo. Pois, à medida que fossem perdendo energia, os elétrons passariam a circular em órbitas cada vez mais próximas do núcleo, até finalmente chocar-se com ele. Assim, se a comparação de Rutherford fosse correta, todo átomo deveria desabar sobre si mesmo. Para felicidade geral do Universo, não é isso o que acontece: os elétrons mantêm-se em movimento sem nenhuma perda de energia.
O primeiro a querer explicar esse fenômeno que violava as leis da Física conhecida no começo do século foi o dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) Após visitar Rutherford em Manchester, na Inglaterra, em 1912, Bohr conseguiu deduzir uma fórmula para determinar os diferentes níveis de energia que poderiam ser ocupados pelo elétron no mais simples dos átomos, o do hidrogênio, que tem um só próton no núcleo e um só elétron em volta dele.
Esses níveis seguem uma regra básica: a diferença entre um e outro é sempre um múltiplo inteiro de um valor constante; pode ser igual a duas, três ou sete vezes esse valor, mas jamais será igual à metade, um terço ou um sétimo, por exemplo.
Isso significa que o elétron tem um comportamento surpreendente: quando o átomo recebe do exterior um acréscimo de energia - dado, por exemplo, por um raio de luz—, o elétron salta de um nível energético para outro mais alto, sem passar por nenhum espaço intermediário. É como se ele simplesmente desaparecesse de um nível para aparecer instantaneamente em outro nível de maior energia. Passado um tempo imprevisível, o elétron salta de volta ao nível anterior e o átomo reenvia ao exterior a energia excedente. Tudo isso intrigava os físicos: por que diabos, eles ficaram se perguntando, apenas determinados níveis de energia são permitidos aos elétrons e os níveis intermediários lhes são interditados?
Doze anos depois da descoberta de De Bohr, em 1924, um jovem físico e aristocrata francês, Louis deBroglie, que ganharia o prêmio Nobel de Física de 1929, propôs uma resposta audaciosa para o enigma.Einstein havia demonstrado que a luz, que sempre fora concebida como uma onda, se comportava às vezes como um jorro de partículas—ou fótons. De Broglie fez então o raciocínio inverso: se assim é, por que o elétron. concebido como uma partícula. não poderia se comportar como uma onda? Ele deduziu, então, uma fórmula simples para calcular o comprimento de onda do elétron quanto maior a quantidade de movimento do elétron, mais curto o seu comprimento de onda.
A hipótese de De Broglie fornecia uma explicação confortável para a pergunta que intrigava os físicos: por que os elétrons podiam ocupar apenas determinados níveis de energia no átomo de Bohr? Pois, se o elétron pode ser pensado como uma onda, ele se comporta, quando confinado no interior do átomo, como uma onda estacionária, isto é, que se propaga num meio limitado, como ocorre com as ondas produzidas na água de um tanque quando atiramos nela uma pedra.
Essa onda se propaga até as bordas do tanque e então, ao ser refletida, volta sobre si mesma. Se os picos da onda inicial e da onda refletida coincidem, eles se reforçam; porém, se os picos da ondainicial coincidem com os vales da onda refletida, eles se anulam. O mesmo ocorreria com o elétron confinado, pensou De Broglie: os níveis de energia permitidos no modelo de Bohr correspondem às regiões em que os picos se somam. Essas regiões ocorrem sempre em distâncias que correspondem a um número inteiro de vezes o comprimento de onda.
O que De Broglie formulou como pura hipótese matemática teve importantes conseqüências na investigação da estrutura do átomo. O físico austríaco Erwin Schrödinger (1887-1961) deduziu, a partir da hipótese de De Broglie, uma equação de onda que logo se transformaria numa das fórmulas mais usadas em toda a Física Schrödinger estava firmemente convencido de que a onda proposta por DeBroglie para explicar o elétron não era apenas uma simples analogia matemática, mas uma realidadefísica.
Mais tarde, o físico alemão Max Born (1882-1970) deu uma passo além: demonstrou que a equação de Schrödinger poderia ser utilizada mesmo que o elétron fosse concebido como uma partícula. Bastava pensar a onda que ele descreve, não como uma onda material, como a que se forma no tanque de água, mas como uma onda de probabilidade: ela nos informaria em que pontos do espaço ao redor do núcleo seria possível encontrar o elétron e, mais ainda, em quais dos pontos possíveis a presença do elétron seria mais provável.
Pensar no elétron como uma onda, semelhante às que se formam na água, pode parecer uma idéia extremamente ousada e revolucionária. Entretanto na história da Física do século XX, seu papel foi essencialmente conservador. Ao formular sua célebre equação, o que Schrödinger tinha em mente era salvar as boas e velhas idéias da Física clássica, ameaçadas pelo insólito comportamento do elétron, que fazia coisas tão impensáveis quanto desaparecer de uma órbita para aparecer na órbita seguinte sem passar pelo espaço intermediário. E, pior ainda, fazia isso mais rápido que um relâmpago, contrariando assim a Teoria da Relatividade de Einstein, segundo a qual nenhum corpo pode se deslocar no Universo com velocidade superior à da luz.
Em 1925, o físico alemão Werner Heisenberg (1901-1976) havia proposto uma explicação do comportamento dos elétrons que evitava estabelecer qualquer analogia com os conceitos herdados de nosso mundo macroscópico, como partícula ou onda. A teoria de Heisenberg-logo seguida por PaulDirac, na Inglaterra, e Max Born, na Alemanha-tinha, porém, um caráter altamente abstrato e exigia um tratamento matemático extremamente complicado.
Já a teoria apresentada por Schrödiner no ano seguinte, ao assumir como verdade física a hipótese da natureza ondulatória do elétron proposta por De Broglie, partia de idéias muito familiares aos cientistas da década de 20.
O próprio Schrödinger perceberia mais tarde que, embora partissem de pressupostos diferentes, as duas interpretações chegavam a equações absolutamente equivalentes. Era como se a realidade respondesse da mesma maneira, não importando a forma como a pergunta fosse feita. Conceitos como partículas e ondas são analogias talvez necessárias para se imaginar o mundo do átomo; mas é preciso ter claro que não são mais do que analogias. Como afirma o físico inglês John Gribbin, autor do livro À procura do gato de Schrödinger, "os átomos se parecem com átomos, e nada mais".
A dualidade da matéria, que ora se comporta como partícula ora como onda, cria situações inimagináveis ao nosso senso comum. Um efeito quase fantasmagórico é o que ocorre, por exemplo, na própria emissão daquelas partículas alfa descobertas por Rutherford. As partículas alfa estão longe de ter um nível de energia suficiente para ultrapassar o poderosíssimo campo de força que mantém os núcleos atômicos coesos: sua emissão, portanto, seria simplesmente impossível nos termos na Físicaclássica. Mas o caráter de onda de que também as partículas alfa são dotadas possibilita a passagem. O fenômeno, que ocorre com outras partículas subatômicas, como o elétron, é conhecido como efeito túnel e só pode ser explicado a partir da Mecânica Quântica.
Esses fatos todos parecem paradoxais porque nosso senso comum foi formado a partir de experiências cotidianas que não têm nada a ver com a realidade existente na escala do átomo. Conceitos comopartícula e onda, tomados de empréstimo ao arsenal de idéias derivadas de experiências macroscópicas, permitem apenas uma explicação muito imperfeita do menos que microscópico mundo subatômico. A rigor, um elétron não é nem uma partícula nem uma onda, mas um outro nível de realidade, cujo comportamento às vezes pode ser associado ao de uma partícula e às vezes ao de umaonda.
A precariedade dos conhecimentos sobre o mundo subatômico não impede, porém, que tiremos bom proveito deles. Uma das aplicações tecnológicas do efeito túnel ocorre com o microscópio eletrônico, que substitui com grande vantagem os microscópios óticos. Nestes, os raios de luz são aproveitados através de lentes. Nos outros, feixes de elétrons são aproveitados através de campos eletromagnéticos. Como o comprimento das ondas eletrônicas é muito menor que o das ondas luminosas, o microscópio eletrônico acaba tendo um grau de definição muito maior que o dos microscópios óticos.
Será que a natureza ondulatória da matéria se restringe ao mundo subatômico? Aparentemente, não. Ela já foi verificada também em relação a átomos completos. em princípio, não é fora de propósito dizer que todos os corpos do Universo têm uma onda associada: isso vale para os seres vivos como para os planetas, estrelas, galáxias e o Universo inteiro. Por que então não se pode perceber a onda de um homem ou de um planeta? O motivo é simples. O comprimento de onda diminui à medida que a quantidade de movimento do corpo aumenta. E esta depende não apenas da velocidade do corpo, mas também de sua massa. Como a massa de um corpo humano para não falar na de um planeta —é fantasticamente superior à de um elétron, o comprimento da onda associada ao homem é tão pequeno que escapa à detecção mais acurada.

Retirado de SuperInteressante

Física Quântica - Origem


Em fins do século XIX, Lorde Kelvin, um dos mais destacados e respeitados físicos da época, fazendo uma avaliação da situação da Física afirmou que todos os problemas já haviam sido resolvidos, restando apenas duas nuvenzinhas no horizonte. Essencialmente ele se referia ao problema da emissão e absorção de calor pelo corpo negro, e ao resultado negativo das tentativas para se detetar o éter. Nem imaginava que aquelas nuvenzinhas estavam carregadas e prontas para desabar uma tempestade que abalaria os alicerces da Física, tão carinhosamente embalados no aconchego dos centros de pesquisa.

A primeira nuvenzinha desabou trazendo a Física Quântica, e a segunda, a Teoria da Relatividade. Os físicos tiveram de repensar tudo aquilo que era verdadeiro e sagrado para eles. A agitação foi geral, durou mais de um quarto de século. É da primeira nuvenzinha que vamos tratar.

Tentando explicar a radiação do corpo negro, em 1900 Max Planck lançou uma ousada hipótese afirmando que a energia não era uma coisa contínua, mas formada de pequenos pacotinhos. A cada pacotinho ele chamou de quantum de energia. Para ele, essa hipótese era apenas um truque matemático que lhe permitiu resolver o problema ainda em aberto. Mal sabia que esses pacotinhos matemáticos passariam a ter existência física no âmbito da nova Física que nascia: a Física Quântica.

Podemos imaginar as emoções que envolveram os físicos da época. Foram necessários cerca de 25 anos para que uma teoria dos quanta pudesse ser finalmente estruturada em forma lógica. Essa teoria recebeu o nome de Mecânica Quântica.

Notemos que a Mecânica Quântica é uma teoria e, como tal, pode ser verdadeira ou não. A História das Ciências nos apresenta vários exemplos de teorias que foram defendidas com unhas e dentes e, mais tarde, tiveram de ser descartadas. Não estamos afirmando que a Mecânica Quântica é um teoria falsa. Mas, não há dúvidas de que é uma teoria ainda inacabada. Einstein era um dos que assim pensavam.

A Mecânica Quântica, alicerce da Física Quântica, é uma teoria axiomática. Isto quer dizer que se baseia em postulados que são aceitos sem discussão, por não ser possível demonstrá-los. Há pelo menos três formas de se enunciar os fundamentos axiomáticos. Uma delas, analítica, se expressa por uma equação: a equação de Schroedinger. Erwin Schroedinger foi um físico austríaco que a propôs, como tirada da cartola de um mágico, no final de 1925. Podemos imaginá-lo dizendo: "A equação é esta e fim de papo". Mas, a bem da verdade, ele não era arrogante a este ponto. Sem entrar em detalhes, apenas como curiosidade, eis a equação de Schroedinger

Equação de Schroedinger

Então, por que a equação de Schroedinger teve boa acolhida pelos físicos? Podemos dizer que é atendendo à "política de resultados". Com essa equação é possível descrever com bastante precisão praticamente todos os fenômenos que ocorrem no mundo microscópico. Podemos querer mais?

A equação de Schroedinger é uma equação de onda. Muita especulação foi feita para explicar que onda seria essa, em que meio se propagaria. Ao usar a equação para explicar algumas propriedades do elétron no interior do átomo, chegou-se a pensar que era o elétron que comandava a onda, como se estivesse na crista dela. Hoje já não se pensa assim.

Atualmente, a grande maioria dos físicos aceita uma interpretação da equação de Schroedinger baseada na chamada escola de Copenhagen. Em poucas palavras, essa escola abre mão de qualquer explicação causal para os fenômenos quânticos. Não há uma tal explicação. Eles ocorrem em obediência a leis probabilísticas. Por exemplo, se um elétron se encontra em determinada órbita no interior do átomo é porque essa órbita é a mais provável. E assim sucede com a "explicação" de outros fenômenos observados no universo microscópico. São regidos por leis probabilísticas, ou seja, mais ou menos pelo acaso. 

De acordo com a escola de Copenhagen a onda que a equação de Schroedinger descreve é uma onda de probabilidades, ela nos dá a probabilidade de algo ocorrer. Einstein nunca aceitou esta interpretação. É famosa sua frase "Deus não joga com dados".

Assim como Einstein, muitos físicos não se conformam com essa interpretação. Afirmam, com aquele gênio dando-lhes apoio, que a Mecânica Quântica é uma teoria ainda incompleta. Está faltando introduzir algum ingrediente, alguma variável desconhecida, para que se possa chegar a uma teoria causal, isto é, uma teoria que tenha em seu bojo a lei de causa e efeito.

Os estudiosos da doutrina racionalista cristã sabem que não há efeito sem causa. Se algo nos parece resultado do acaso é porque há, ainda, alguma lei natural que desconhecemos. Talvez aquele ingrediente oculto.


Retirado de Blog

Matemática, descobrimento ou invenção?

É admirável, para não dizer assombroso, como a Matemática é capaz de descrever com muita precisão os fenômenos físicos, tanto em nível microscópico quanto macroscópico. Os cientistas aprenderam a ter uma fé quase inabalável naquilo que a Matemática prevê. Einstein (1879-1955) nos dá um exemplo dessa confiança. Como sabemos, esse gênio desenvolveu suas teorias – que tardaram anos para serem compreendidas até pelos cientistas – apenas com lápis e papel. E estava isolado do mundo científico, trabalhando num obscuro escritório burocrático de patentes, entregue somente à sua imaginação e intuição, e aos símbolos matemáticos.

Einstein se admirava, publicamente, do fato de a Matemática ser capaz de descrever tão detalhadamente o universo. Segundo ele, o que é mais incompreensível na natureza é o fato de ela poder ser compreendida através da Matemática. Sua teoria da gravitação – também conhecida como Teoria Geral da Relatividade – foi desenvolvida com base em cálculos teóricos usando-se tensores, objetos matemáticos que ofereceram a Einstein os recursos necessários para elaborar sua teoria. A confiança de Einstein na Matemática era tanta, que quando uma previsão puramente teórica da sua famosa teoria foi confirmada por uma medição experimental e alguém lhe perguntou o que teria acontecido se o resultado fosse adverso, ele respondeu: "Teria sido ruim para o nosso bom Deus, pois a minha teoria está correta".

Afinal de contas, o que é essa coisa maravilhosa chamada Matemática? É um descobrimento ou uma invenção do intelecto? Se ela é um descobrimento, significa que sempre existiu e esperava ser descoberta. Se não, quem a inventou? Vamos elaborar um pouco mais esse assunto.

Cabral descobriu o Brasil. Nossa terra já estava aqui quando ele chegou. Não foi uma invenção do famoso lusitano, foi um descobrimento. Por outro lado, Santos Dumont inventou o avião. Esse aparelho não existia antes, foi uma criação da mente. Na História, abundam os exemplos de descobrimentos e invenções. Planetas, satélites, espécimes dos três reinos da natureza são exemplos de descobrimentos. As invenções também se multiplicam: geladeira, telefone, computador, etc.

Descobre-se, portanto, o que já existe independentemente de nós mesmos. Já as invenções são criações de nossa mente.

Talvez o leitor (se houver algum que chegou até este ponto) queira interromper sua leitura neste ponto e tentar responder à seguinte pergunta: Se houvesse duas caixas, uma para as invenções e outra para os descobrimentos, em qual delas você acomodaria a Matemática?


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Para Quem Ama os Animais

Para o Espiritismo, os animais são irmãos em evolução, tal como os humanos. Os animais não são ainda Espíritos; não possuem uma inteligência, livre-arbítrio e consciência de si próprios que se nos comparem. Possuem, contudo, o princípio espiritual, como que um esboço do Espírito que serão futuramente. Os animais, portanto, também sobrevivem à morte física, reencarnam e evoluem.


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