quarta-feira, 1 de junho de 2011

As Palavras de Um Veterano de Guerra

“Eu me esforcei para ter orgulho do meu serviço, mas tudo o que conseguia sentir era vergonha. O racismo não podia mais mascarar a realidade da ocupação. Eles eram gente, eram seres humanos. Desde então passei a sentir culpa toda vez que via homens idosos, como o que não podia andar e carregamos numa maca até que a polícia iraquiana pudesse levá-lo. Sentia culpa toda vez que via uma mãe com suas crianças, como a que chorava histericamente, gritando que nós éramos piores que Saddam enquanto a obrigávamos a sair de sua casa. Eu sentia culpa toda vez que via uma garota jovem, como a que eu agarrei pelo braço e arrastei para a rua.

Disseram-nos que lutaríamos contra terroristas. O verdadeiro terrorista era eu. E o verdadeiro terrorismo é essa ocupação. O racismo nos militares tem sido, durante muito tempo, uma ferramenta importante para justificar a destruição ou ocupação de outro país. Tem sido usado muito tempo para justificar a morte, subjugação ou tortura de outro povo. Racismo é uma arma vital usada por esse governo. É uma arma mais poderosa que um rifle, um tanque, um bombardeiro ou um navio de guerra. É mais destrutivo do que um projétil de artilharia, um anti-bunker ou um míssil Tomahwk. Apesar de nosso país fabricar e produzir essas armas, elas são inofensivas sem pessoas dispostas a usá-las.

Aqueles que nos mandam para a guerra não têm de apertar um gatilho ou lançar morteiros. Eles não precisam lutar na guerra, sua função é vender a guerra. Precisam de um público que esteja de acordo em mandar seus soldados para o perigo. Precisam de soldados dispostos a matar e serem mortos sem questionar. Eles podem gastar milhões em uma simples bomba, mas essa bomba só se torna uma arma quando as divisões militares estão dispostas a seguir as ordens de usá-la. Eles podem mandar um soldado a qualquer parte da Terra, mas só haverá guerra se um soldado concordar em lutar.

E a classe dominante, de bilionários que lucram com o sofrimento humano, se preocupam somente em expandir sua riqueza, em controlar a economia mundial. Compreendam que seu poder consiste somente na habilidade de nos convencer de que a guerra, a opressão e exploração são de nosso interesse. Eles sabem que a riqueza deles depende da habilidade de convencer a classe operária a morrer para controlar o mercado de outro país. E nos convencer a matar e a morrer, é baseado na habilidade deles de nos fazer pensar que somos, de alguma forma, superiores.

Soldados, marinheiros, marines, aviadores, não têm nada a ganhar com essa ocupação. A grande maioria das pessoas vivendo nos Estados Unidos não tem nada a ganhar com essa ocupação. Na verdade, nós não somente temos o que ganhar, como sofremos mais por causa disso. Nós perdemos membros e damos nossas vidas de forma traumática. Nossas famílias têm que ver caixões com bandeira descendo a terra. Milhões nesse país sem assistência médica, trabalho ou acesso à educação, e nós vemos o governo gastar 450 milhões de dólares por dia nessa ocupação. Pessoas pobres e trabalhadoras desse país são mandadas para matar pessoas pobres e trabalhadoras de outro país e fazer os ricos mais ricos.

Sem o racismo, os soldados perceberiam que têm muito mais em comum com o povo do Iraque do que com os bilionários que nos mandam para a guerra. Eu joguei famílias para a rua no Iraque, mas somente para chegar em casa e encontras famílias jogadas às ruas nesse país, nessa trágica e desnecessária crise imobiliária.

Devemos acordar e perceber que nosso verdadeiro inimigo não está em alguma terra distante e não são pessoas cujo nome não conhecemos ou não entendemos a cultura. O inimigo é gente que conhecemos muito bem, e que podemos identificar. O inimigo é uma corporação que nos despede de nosso trabalho quando é lucrativo; é uma companhia de seguros que nos nega assistência quando é lucrativo; é o banco que toma nossas casas quando é lucrativo. Nosso inimigo não está a 5 mil milhas de distância, está bem aqui. Se nos organizarmos, e lutarmos juntos com nossos irmãos e irmãs, nós podemos parar essa guerra, nós podemos parar esse governo, e nós podemos criar um mundo melhor.”

Mike Prysner

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