quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Nós, Os Desordeiros

Artigo de João Ubaldo Ribeiro – Revista Veja, 07 de agosto de 2013.
“É comum que, quando estamos falando mal do Brasil, nos refiramos na terceira pessoa tanto ao país quanto ao seu povo. Dizemos que o brasileiro tem tais ou quais defeitos graves, como se nós não fôssemos brasileiros iguais a quaisquer outros. Em relação aos políticos, agimos quase como se tratasse de marcianos ou de uma espécie diferente da nossa, não de gente aqui nascida e criada, da mesma maneira que nós. Somos observadores e vítimas de fatos com cuja existência não temos nada a ver. Os corruptos são ‘eles’, os que sujam as cidades são ‘eles’, os funcionários relapsos são ‘eles’ – nunca nós. 
Paralelamente, nos comprazemos em cultivar a noção de que o povo brasileiro é basicamente muito bom, de índole generosa, honesto, solidário, hospitaleiro, pacífico, cordial, alegre e assim por diante. Artigos, conferências e discursos que envolvam críticas negativas a alguma característica negativa dos brasileiros contêm as sempre uma ressalva de praxe, a de que o povo não pode ser acusado de nada, o povo é bom. Com isso esquecemos que não há povo geneticamente bom ou ruim e que o comportamento e os valores prevalentes em qualquer sociedade se originam em elementos culturais, entendidos estes em seu sentido mais lato. 
Há quem faça uso de estatísticas comparativas para mostrar que, em áreas como a segurança, por exemplo, algumas grandes cidades nossas apresentam índices de criminalidade comparáveis com cidades americanas do mesmo porte. Então não estaríamos tão mal assim. Mas não há como fazer uma comparação adequada. O número de infrações e de ocorrências policiais em cidades americanas é muito maior do que seria aqui, porque lá se recorre à polícia com muito mais frequência, relativamente. Aqui, tem gente que não dá queixa nem de carro furtado. Sem falar que as estatísticas geralmente não mostram assaltos organizados e sanguinários realizados desde São Paulo a cidadezinhas do interior do Nordeste, onde parece que está surgindo um cangaço modernizado, com os invasores intimidando a população, explodindo caixas de bancos, pilhando casas comerciais e invadindo fazendas. E existem ainda as vastas áreas onde não há polícia, ou a presença do estado é rarefeita e esporádica. No caso, as estatísticas, porque viciadas na origem, valem bem pouco. 
E não somente a violência e a insegurança são maiores entre nós do que geralmente se reconhece. Não está na moda falar em padrões morais e quem se arrisca a mencioná-los é desdenhosamente chamado de moralista. Mas não tem nada de moralista aquele que lembra que o homem é um ser moral. Sem senso moral, o homem é um bicho ou um psicopata. Claro, a nação não perdeu suas referências morais, mas o clima nessa área parece hoje cínico e complacente e não é raro que o apego a algum valor moral seja qualificado como coisa de otário. Recato e pudor parecem ter sumido e o exibicionismo, em mil formas contemporâneas, se manifesta em toda parte. Atos de civilidade, como devolver dinheiro achado, são manchete nos jornais. 
Não há órgão público que não seja alvo de acusações ou suspeitas de corrupção, nepotismo, tráfico de influência e outras práticas imorais ou criminosas. O engenho nacional desenvolveu sistemas eletrônicos avançados e organizou equipes de ‘consultores’ para fraudar concursos e exames. Dia sim, dia não, noticiam-se desvios de verbas astronômicos, obras públicas caindo aos pedaços antes de serem concluídas e toda espécie de falcatrua. Neste instante mesmo, centenas ou milhares de policiais, pelo país afora, estão embolsando o ‘agrado’ que lhes dão os motoristas para evitar uma multa. Também todos os dias, centenas de milhares de pessoas, ou até milhões, pagam meia-entrada com carteiras de estudante falsificadas. O ‘por fora’ é rotineiramente cobrado, em serviços que ou deveriam ser gratuitos ou fáceis de obter. Vivemos imersos num mar de pequenas delinquências cotidianas que já notamos, ou não achamos que fazem parte natural e inevitável da vida. 
O desprezo pela lei e pela moral, a não ser nos raros casos em que a sanção chega com prontidão e eficácia, é a regra entre nós. E essa situação é piorada pela existência das conhecidas leis que pegam, ou ainda, de leis meio disparatadas, que ninguém acredita que serão observadas com rigor. Por exemplo, há quem sustente que, se o sujeito for pegado por um fiscal do Ibama, matando um caititu no mato, é melhor matar o fiscal do que reconhecer o assassinato do caititu. Depois de matar o fiscal, o caçador foge do flagrante, apresenta-se depois à polícia, é réu primário com domicílio conhecido, responde o processo em liberdade e pega aí seus dois aninhos, talvez em regime semiaberto. Já a morte do caititu seria crime inafiançável, cana dura imediata e implacável.
 As estatísticas brasileiras de mortes e ferimentos em acidentes de trânsito são um escândalo, qualquer que seja o critério usado para avaliá-las. Todo trânsito brasileiro é um escândalo, nas cidades e nas estradas. Quem passa algum tempo fora do Brasil tem que reavivar seus reflexos, para atravessar ruas. Os motoristas brasileiros se comportam como se o fato de um pedestre atravessar com o sinal fechado para ele lhes desse o direito de atropelá-lo. Todos os pedestres passam de vez em quando pela experiência de atravessar a rua bem antes da passagem de um carro e ver o motorista acelerar na sua direção, como se mirasse nele. Nas estradas, as manobras arriscadas, como ultrapassagens em pontos onde há sinalização proibindo-os, são rotineiras, assim como o uso do acostamento como pista e a violação contumaz dos limites de velocidade. E as pesquisas revelam também que a maior parte dos acidentes é resultado de imprudência e má conduta ao volante, desprezo pelas leis e normas técnicas.
 Decifrar as causas desse comportamento equivale, de certa forma, a decifrar o Brasil, tarefa jamais completada por ninguém. As causas são múltiplas, controvertidas e complicadas, o que torna muito difícil até mesmo identificá-las corretamente. Por essa razão, assim como fazem os médicos, quando não conseguem um diagnóstico preciso ou não conhecem com exatidão a causa de uma doença, o tratamento sintomático é o único caminho. Não sabemos bem porque somos desordeiros, mas sabemos que somos. E estamos condenados a continuar sendo, enquanto não levarmos a sério o desrespeito à lei e mantivermos uma relação afetiva com a malandragem, a esperteza marota e a frouxidão de princípios.”

sábado, 7 de setembro de 2013

A maldição do petróleo



O presidente Lula comemorou a imensa descoberta de petróleo ano passado dizendo que “Deus é brasileiro”. Antes de celebrar, talvez ele devesse ouvir a opinião do venezuelano Juan Pablo Pérez Alfonso (1903-1979), fundador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Para ele, petróleo não é indício da mão de Deus, mas sim do intestino do demo. Juan Pablo costumava dizer que petróleo é o “excremento do diabo”.
Ele sabia do que estava falando, já que viu sua Venezuela erodir suas instituições democráticas e se perder em corrupção. É assim na maioria dos grandes exportadores de petróleo. Quase todos são ditaduras intermináveis, como o Iraque de Saddam e a monarquia saudita. Eles crescem menos que seus vizinhos sem petróleo e seus problemas sociais levam mais tempo para ser resolvidos. Vários são países devastados por guerras civis. Mesmo as democracias do óleo tendem a ser pouco democráticas. Veja o México, onde um mesmo partido, o PRI, ficou no poder por mais de 70 anos. Dos 20 maiores exportadores de petróleo do mundo, 16 são ditaduras. E outros dois – México e Venezuela – são democracias com instituições fracas. A maioria está nos últimos lugares do mundo em desenvolvimento humano, e entre os primeiros em desigualdade e endividamento. É nesse clube que o Brasil está prestes a entrar. Será que devíamos mesmo estar comemorando? E será que tem algum jeito de escapar da “maldição do petróleo”?
Por que petróleo faz tão mal? Como é que uma das mercadorias mais valorizadas do mundo pode gerar pobreza, guerra e autoritarismo? Nos últimos anos, economistas e cientistas políticos encontraram uma série de explicações.
A primeira: petróleo enfraquece a economia. Ele custa tão caro que uma cachoeira de dólares entra no país. Com muitos dólares em caixa, a moeda nacional se valoriza. Resultado, fica barato importar produtos estrangeiros e caro produzir – aí a indústria nacional definha. Só que o preço do petróleo é uma montanha-russa. Em 1990, o barril custava mais de US$ 40. Meses depois, caiu para menos de US$ 20. Enquanto este texto era escrito, um barril custava US$ 135. Essas altas e baixas destroem qualquer um. O preço sobe, o país se alaga de dólares e as indústrias fecham. O preço cai, secam os dólares, o país se endivida e não tem indústria para ajudar.
A segunda: petróleo distancia os políticos do povo. A maioria dos grandes exportadores de petróleo nem cobra impostos da população. Não precisam. Têm dólar sobrando. Os governos não prestam contas a ninguém, roubam descaradamente, torram dinheiro público e a sociedade civil é fraca, desestruturada.
A terceira: petróleo torna a política mais burra. A maioria dos países exportadores não tem um projeto de desenvolvimento, apenas grupos rivais brigando pelo poder – e pelo acesso ao poço de dinheiro. Quando chegam lá, gastam que nem loucos, sem planejamento, para não deixar nada para os rivais.
Quer dizer então que nos ferramos? Não. Num certo sentido, o Brasil deu sorte de virar exportador justo agora, quando estudiosos estão desvendando os mecanismos da maldição e inventando antídotos. Outra sorte é que o nosso petróleo está enterrado bem fundo, e vai demorar para começar a jorrar. Ou seja, dá tempo de nos prepararmos. Só que devemos trabalhar já, antes de o petróleo começar a ser vendido. Veja o que precisamos fazer:
1. Ter um projeto de país. Está na hora de governo, oposição e sociedade civil discutirem que tipo de país nós queremos. Claro que não vamos concordar em tudo, mas dá para alcançar alguns consensos. Por exemplo: o de que precisamos de educação básica decente, de infra-estrutura, de um sistema de saúde, de pesquisa científica, de proteção ao ambiente. O papel da imprensa é discutir essas questões e informar a sociedade, para que todo mundo possa participar. Com todo mundo de acordo com esse projeto, podemos planejar a longo prazo o uso do dinheiro do óleo – e cada governo novo tem a obrigação de continuar o que o anterior começou.
2. Proteger a economia. Quando o dinheiro vier, nos encheremos de dólares. Precisamos evitar que essa dinheirama inunde a economia e supervalorize o real. O ideal é colocar tudo numa conta separada, que precisa ser vigiada de perto pela oposição e pela sociedade civil, para que ninguém tire dela mais do que o permitido. O governo só pode sacar até um certo limite, e deixar o resto guardadinho para os nossos netos. Se o preço do petróleo cair, pode sacar um pouquinho mais para evitar depressão na economia. Se subir, é hora de guardar para tempos bicudos. E tudo o que o governo sacar tem que ser usado para colocar em prática o projeto de país descrito no item 1. Nada de aumentar a gastança do governo.
3. Transparência. O único jeito de evitarmos que surrupiem a grana é abrirmos todas as janelas. Precisamos que cada funcionário do governo tenha obrigação de prestar contas do que faz. Precisamos de organizações independentes destinadas a investigar gastos públicos. Precisamos de uma imprensa menos gritona e mais vigilante e racional. Precisamos que cada órgão do governo tenha como uma de suas funções fiscalizar um outro órgão do governo. Precisamos que o orçamento seja claro, transparente e público. O saldo da conta do dinheiro do petróleo, por exemplo, tem que poder ser acessado online por qualquer brasileiro.
Se fizermos tudo isso, o petróleo não só deixará de ser uma maldição como resolverá a maioria dos problemas do Brasil. Está aí a Noruega, 3a exportadora de petróleo e 2o maior índice de desenvolvimento humano do mundo, para provar que é possível. Mas, se não fizermos a lição de casa... Hmm, a coisa vai feder.

Retirado daqui

Por que tá difícil ganhar dinheiro?

Mais um vídeo deLeandro Zayd
Esse cara tá mostrando que é possível, sim, entender este mundo louco em que vivemos.

A natureza parasitária do atual sistema monetário

por Amanda Morales

Mesmo as pessoas mais educadas, por vezes enganadas pelos media dominantes e os chamados "peritos", deixam de identificar a causa básica da actual retracção económica e tendem a confundir o sintoma (inflação, desemprego, etc) com a causa. Outros factores incorrectos do seu desencadeamento muitas vezes são atribuídos à inerente cobiça humana, à super-população, aos baby boomers [NT 1] , ao abandono do padrão ouro, à reserva bancária fraccionária[NT 2] , às divisas fiduciárias, ao super-consumo e até mesmo à tecnologia.

O sistema monetário tornou-se a jaula global da escravização alimentada pela dívida que hoje conhecemos através de uma série de eventos: invenção da usura (conceder empréstimo em dinheiro a juros compostos), estabelecimento da reserva fraccionária na concessão de crédito, privatização da oferta monetária, criação de bancos centrais, abolição do padrão ouro e imposição legal de divisas fiduciárias.

Actualmente cerca de 96% do dinheiro nos países ocidentais vêm à existência como dívida (dinheiro-crédito) criada por bancos comerciais na forma de promessas de pagamento (IOUs) [NT 3] . Os montantes depositados no banco e emprestados são simples registos na contabilidade, não apoiados por quaisquer activos reais (como o ouro, por exemplo). O que dá valor a estes montes de papéis normalmente sem valor é o trabalho humano. Só quando paramos para pensar acerca disto podemos começar a apreender a natureza profundamente fraudulenta da concessão de empréstimos bancários: o tomador do empréstimo compromete como colateral pelo empréstimo algo que ele ainda não possui (isto é, o carro que ele compra a crédito) em troca do dinheiro que o prestamista realmente não tem nas suas reservas.

Vamos resumidamente examinar como são criadas bolhas especulativas e o efeito que elas têm sobre a economia real. As baixas taxas de juros estabelecidas pelos Bancos Centrais desencadeiam uma farra de crédito que atrai pessoas à dívida. Os bancos criam dinheiro ex-nihilo (a partir do nada) e emprestam-no a juro, inchando bolhas alimentadas pelo crédito (dot-com, habitação, imobiliário comercial, etc) que torna banqueiros e outros especuladores ultrajantemente ricos. Por definição, temos uma bolha quando o preço de um activo eleva-se para além do que o rendimento médio pode permitir. Vamos tomar a actual bolha habitacional como um exemplo. Quando a bolha finalmente explode, o valor do activo afunda com desastrosas repercussões nos balanços dos bancos e igualmente dos proprietários das casas: bancos retomam casas cujo valor está em queda rápida e proprietários descobrem-se em situação líquida negativa (o valor de mercado da sua casa é mais baixo do que o que eles estão a pagar ao banco a cada mês). Uma vez que foi permitido aos bancos tornarem-se "demasiado grandes para falirem", através de fusões e aquisições, as elites financeiras instruem seus políticos fantoches a salvarem-nos, a expensas dos contribuintes. Utilizando doses maciças de propaganda nos media e de instilação do medo, as elites lavam o cérebro das massas levando-as a acreditar que a prosperidade dos bancos é vital para a estabilidade social e a prosperidade económica. Por outras palavras, seguir-se-á o caos generalizado se permitirmos os grandes bancos irem à falência. Inicialmente, a maior parte dos cidadãos parece acreditar na mentira e aceitam pagar os custos através de aumentos de impostos e um conjunto de cortes e privatizações de serviços públicos (educação, previdência, infraestrutura, cuidados de saúde, etc).

Depois de garantirem o salvamento, os banqueiros premiavam-se a si próprios com bónus maciços e tentavam reverter aos negócios de sempre. Mas há um problema: o mundo esgotou-se de pessoas com crédito respeitável (o idiota seguinte no esquema de Ponzi). A maior parte dos indivíduos e negócios estão a naufragar em dívidas e a perspectiva é demasiado negra para prever qualquer lucro. Portanto os bancos não concedem empréstimos (credit crunch) e os devedores, quando podem, pagam à vista seu saldo em dívida, drenando dinheiro da economia real. Inicia-se assim uma perigosa espiral de deflação do dinheiro, provocando bancarrotas, desemprego, arrestos, definhamento de receitas fiscais e inquietação social. Enquanto isso o défice do governo dispara, inchando uma dívida pública já enorme e levando à espécie de crise de dívida soberana verificada em países como a Grécia, Islândia e Irlanda, para mencionar uns poucos.

Como chegámos a isto? Vamos dar um passo atrás e ponderar. Um sistema monetário baseado na usura exige crescimento sem fim, pois o juro composto cresce exponencialmente ao longo do tempo. Sob esta nova luz é mais fácil ver porque o establishment está tão obcecado com o aumento do PIB, um crescimento exponencial que simplesmente não é viável num planeta finito. Não há escapatória: se a economia não cresceu, não pode ser emitido novo dinheiro-dívida para estender no futuro os passivos de dívidas existentes. Uma vez que virtualmente toda a oferta monetária é criada pelos próprios bancos como dívida, novo dinheiro deve continuamente ser concedido como empréstimo só para pagar os juros devidos aos banqueiros. Analogamente, um crescimento zero ou negativo assinala o funeral do sistema monetário que estamos a testemunhar exactamente agora.

Considerações éticas acerca do parasitismo inerente à usura certamente seriam apropriadas nesta altura: possuidores de dinheiro emprestam-no àqueles a quem ele falta, os quais por sua vez tornam-se seus escravos. Mas a usura também apresenta um problema matemático prático: os bancos criam só o principal mas não o juro necessário para reembolsar os seus empréstimos. Isto resulta numa escassez de dinheiro crónica que afecta todos os actores do sistema, pois o dinheiro para pagar de volta o juro sobre todos os empréstimos não existe. Em consequência, todos nós devemos competir num jogo de soma zero para ganhar alguma coisa que simplesmente não existe. O dinheiro é ganho por alguns em detrimento de outros que ficam sem, o que se parece cada vez mais como uma competição implacável que amplifica grandemente o conflito social e os desequilíbrios de riqueza.

A constante expansão da oferta monetária necessária para aliviar uma escassez crónica de dinheiro é a causa principal da inflação, um confisco furtivo de riqueza dos possuidores de dinheiro. O sistema monetário poderia ser comparado a um jogo de cadeiras musical: enquanto a música toca (tanto a oferta monetária como a economia expandem-se) aparentemente não há perdedores [1] .

O montante do dinheiro-dívida no sistema deve crescer continuamente para minimizar o risco de uma deflação perigosa. Podemos agora entender como todas as conversas que ouvimos nos media dominantes acerca da necessidade de reduzir dívida são de facto apenas um disfarce enganoso. A dívida está destinada a ser mantida porque todo o sistema está baseado sobre ela. Qualquer redução de dívida (tanto pelo reembolso como pelo cancelamento) aumentaria a escassez de dinheiro, com consequências catastróficas numa economia disfuncional como a nossa.

Apesar de todos os esforços dos banqueiros centrais para manter o jogo em andamento, a oferta de dinheiro em muitas economias ocidentais actualmente está a contrair-se e milhões de pessoas são relegadas ao frio permanente.

Quando dívida é reembolsada, o falso principal é progressivamente destruído e o juro permanece como um lucro para o banco. Se considerarmos que sobre grandes empréstimos reembolsados ao longo de períodos de tempo muito longos (tais como hipotecas) o montante do juro cobrado pode facilmente exceder o principal, podemos começar a apreender a proporção colossal desta fraude bem como a sua natureza intrinsecamente parasitária.

Armados com este conhecimento, torna-se claro que o sistema monetário imposto sobre nós está em bancarrota estrutural. Um sistema de concessão de empréstimos baseado em juro só poderia funcionar se todo o dinheiro ganho através do juro fosse gasto em bens e serviços (de modo a que o tomador do empréstimo pudesse ganhá-lo outra vez), não entesourado ou emprestado outra vez. Entesourar dinheiro ou emprestá-lo a diferentes tomadores ao mesmo tempo (como os bancos fazem hoje) provoca a escassez do mesmo e finalmente leva a incumprimentos em massa.

Penso que a privatização do dinheiro é a principal causa subjacente da pobreza, escravatura económica, sub-financiamento do governo e de uma classe dirigente oligárquica que frustra toda tentativa de arrancá-la das rédeas do poder. 

Muito Bem Explicado......Já Dá Para Ter Uma Idéia De Como Funciona O País Das Maravilhas


terça-feira, 3 de setembro de 2013

De Olho No Passado

As vezes fico a pensar se estamos no rumo certo. 
Sinto falta daquela inocência dos 70/80. 
Podíamos perambular pelas ruas a noite sem medo de cruzar com alguma gangue de marginais. 
Podíamos ir aos estádios vibrar pelo nosso time sem medo de se deparar com alguma torcida organizada.
Podíamos ir ao cinema (sim, cinema era no centro da cidade, não no shopping) e voltar a pé para casa altas horas da noite.
Podíamos ter aulas de direção em casa mesmo, sem custo algum. E depois era só prestar o exame de direção.
A propósito, uma carteira de motorista custava em torno de uns R$ 80,00 (Você não acredita, né?)
As brincadeiras eram inocentes, ninguém se machucava, nem física, nem psicologicamente.
Sabíamos quem era o bandido e quem era o mocinho da história.
Existia uma coisa, pouco conhecida ou quase extinta hoje, chamada "música".
Naquela época, existia a ideia de que notas musicais numa sequência melódica e harmoniosa produzia algo agradável aos ouvidos.

Estou certo de que em algum ponto em os 70/80 perdemos o rumo.
O certo nem sempre está tão certo.
Os valores estão todos invertidos. Hoje, o herói é o malandro; o herói é o cara descolado.
Música boa é........bem, isso já não tem mais importância.
Cinema........só vamos se pudermos dar uma passadinha na praça de alimentação e comer um Mac.
Estádios, ou melhor, arenas, só se você sair por último, quando todas torcidas organizadas já estiverem em casa.
Carteira de motorista? Só se você fizer um empréstimo no banco.

Algo está muito errado.
E não é saudosismo meu, não.
Se você tiver 20/25 hoje e parar para pensar, vai concordar que era um paraíso.

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